sábado, 19 de fevereiro de 2011

TEATRO NO CRATO: O HÓSPEDE

PROGRAMA GUERRILHA EM MOVIMENTO
APRESENTA


SINOPSE

Uma família desestruturada a partir da chegada de um hóspede, “o Garanhão”, em sua casa, em suas vidas e “em suas camas”, trazendo à tona desejos e sentimentos outrora guardados e hoje revelados, enfim “chutaram o balde”. Albânia a matriarca, é o sinônimo de preconceito, arrogância e hipocrisia, “uma recalcada, isso sim!”, tentando com isso comandar a vida de todos e, não vendo seu autoritarismo surtir efeito, entra em total desajuste emocional, “uma surtada”. É aí que se dá o desenrolar da trama. Amores não correspondidos, desejos aflorados, morte, descoberta, libertação... Tudo isso está reunido em “O Hóspede”.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

GRUTA DE SEU JEFRÉSSO

Xilogravura de Carlos Henrique para composição do cenário da peça A DONZELA E O CANGACEIRO, de Cacá Araújo, que estreará em maio de 2011, com a Cia. Cearense de Teatro Brincante

Seu Jefrésso:

(Fora de cena. Misterioso, com voz de velho, macia, cheia, sombria e grave)

Quem istá chamando a isfinge?
Quem ousa mi dispertá?

(Aparece solenemente com música condizente com sua realeza. É uma versão sertaneja das esfinges gregas: um velho magro, semblante terno, alto, apoiado num cajado, calçando sandálias de couro, roupas e longas barbas brancas, duas asas de trançados de palmeiras verdes)

Edimundo Virgulino:

(Humilde)

Sô um simples cangacêro
Eu só vim li consutá 

(Levanta-se, mas continua em posição de reverência. Convicto. Com serenidade)

U sentido da mi’a vida
É a conquista da cura
Pru mal qui sofre uma flô
Inucente, bela i pura... 

Tombém quero a liberdade
Dus vivente da floresta
Pois aqui a crueldade
Ambição, prevessidade   
Matô muito i pôco resta

Seu Jefrésso:

(Simpático)

Percebo tua bondade
Porém num posso mudá
U rumo da umanidade

(Levanta o cajado e soam trovoadas com raios incandescentes. Sons de cantos e pisadas em ritual. Canta em tom de mistério)

Proporei u meu enigma
Morre si num decifrá
Istauta di barro i lata 
É u qui vô ti transformá

(Sonoro e firme)

Decifra ô ti condena:

(Compassado)

Di manhã tem quato pé
É criatura terrena
Mêi dia passa a tê dois
Tem fecundidade plena

Máis us pé, di tardezinha
Pode sê quato di novo
Seno dois iscundidinho
Du jeito du pinto im ovo

I di noite vai tê trêiz
U tipo di criatura
Mi diga di uma só vêiz

(Nota: Trecho da peça A DONZELA E O CANGACEIRO, de Cacá Araújo)

sábado, 12 de fevereiro de 2011

TEATRO PARA CRIANÇAS: DONA PATINHA VAI SER MISS

DONA PATINHA VAI SER MISS
Cia. Anjos da Alegria
Direção: Flávio Rocha


Sinopse: 
O espetáculo “Dona Patinha Vai Ser Miss” conta de maneira fabulosa a história do romance de Dona Patinha e o Senhor Coelho. Ambos são apaixonados um pelo outro, mas a tia da Patinha, Dona Marreca, uma senhora sofisticada, mas um tanto ambiciosa, é contra esse namoro. Seu grande sonho é ver sua sobrinha com um título de Miss e casada com um bom partido. Por isso, Dona Marreca há muitos anos junta moedas em um cofrinho para completar o dote da sobrinha. Com esse dote e mais o título de “Miss”, dona Marreca tem a certeza de que não faltarão bons pretendentes, como o Senhor Raposo, por exemplo.    No desenrolar dessa história, cheia de aventuras, comédia e com muita confusão, o espetáculo traz em seu desfecho um final inesperado e de muita emoção.

ELENCO:
Marreca - Simony Vieira
Patinha - Michele Santos
Raposo - Gabriel Callou
Coelho - Gledson Micael
Macaco - Edglê Lima

FICHA TÉCNICA:
Texto: Arthur Maia
Direção: Flávio Rocha
Figurino: Ariane Moraes
Maquiagem: Gledson Micael
Sonoplastia: Flávio Rocha
Iluminação: Rosicleia Rocha
Cenário: O Grupo
Coreografias: Danielle Esmeraldo

APOIO:

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

R$ 703 MIL PARA ADAPTAÇÃO DE LIVRO...

VOCÊ SABIA?:
"Parece mentira, mas o Ministério da Cultura aprovou e o contribuinte vai pagar R$ 703 mil para uma produtora paulista adaptar para o teatro um livro intitulado "Até as Princesas Soltam Pum", de Islam Brenanman, um israelita que vive no Brasil desde 1979. Por incrível que pareça, é um livro destinado às crianças. Vejam na internet uma amostra da peça. Que sem dúvida merece o título da obra, com todos os sons." (Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/, Diário do Nordeste, 06/fev/2011, Caderno Gente, Página 3, Coluna DE BRASÍLIA, por Rangel Cavalcante)

LANÇAMENTO DO LIVRO "SONHOS COMO PROJETO DE VIDA", de Tancredo Lobo


domingo, 6 de fevereiro de 2011

800.000 REAIS POR CABEÇA... QUEM DÁ MAIS?

Foto: Cacá Araújo (2009)


Não me causa admiração a Assembléia Legislativa do Ceará ser quase 100% (cem porcento) submissa ao governador. Além da partilha de cargos e favores menores aos parlamentares, cada um dos 47 (quarenta e sete) deputados estaduais tem direito a indicar aplicação de verbas públicas no valor de R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais) como se membro do executivo fosse. 

Se é assim mesmo que está se dando a relação entre esses dois poderes, com a confusão de funções, pouco ou nada se legisla, menos se fiscaliza, e ficam todos irmanados numa sodomia administrativa que parece democratização, mas que na verdade amarra nossos "fiscais" e "legisladores" no pé do mourão com a cancela bem trancada. 

A política se apequena numa insossa discussão acerca dos valores destinados por este ou aquele deputado para uma ou outra obra aqui ou acolá. O executivo estadual legisla e executa sem qualquer obstáculo ou discussão, em um regime quase imperial. 

Em recente análise divulgada pela imprensa local, os cientistas políticos André Haguete e Regina Serqueira, da UFC e UECE, afirmaram que o legislativo do Ceará não existe, dada a carência de oposição e a subserviência dos parlamentares às vontades e humores do executivo. 

Haguete declarou que "o jogo democrático foi criado necessitando de oposição. Em um governo sem oposição, não existe possibilidade de isso ser positivo para a sociedade, que fica enfraquecida". 

Serqueira, em sua colocação, disse que “a oposição é muito importante para que se tenha um debate. O Legislativo é uma via, que a meu ver está quase que totalmente de braços atados. É preciso um exercício muito profundo de Filosofia para que se possa mudar essa situação, pois a sociedade sofre e a Democracia só tende a perder com um governo que usa a ferramenta de poder que une tudo, causando assim, a letra morta, a fala morta”.

Digo eu que o modelo político-gerencial adotado pelos Ferreira Gomes de Sobral é retrógrado e monárquico, não admitindo o contraditório da oposição, cooptando os pensamentos contrários e os depositando todos numa espécie de vala comum de comportamento único, artificial, de aplauso fácil e joelhos dobrados.

Tivessem eles intenções verdadeiramente democráticas, penso que recursos como os ditos R$ 37.600.000,00 (trinta e sete milhões e seiscentos mil reais) distribuídos para a farra executiva dos 47 (quarenta e sete) legisladores estaduais seriam destinados proporcionalmente aos 184 (cento e oitenta e quatro) municípios cearenses. Até mesmo porque esse dinheiro é arrecadado nos municípios através do eficiente sistema fazendário do Estado.

Tenho notícia da existência de apenas 01 (um) deputado estadual de oposição. Louvo sua índole. Entretanto, não desejo que interpretem minhas palavras como típicas de rancorosos oposicionistas, mas como de um cidadão que deseja contribuir no debate quase inexistente acerca de políticas governamentais e ações de fortalecimento da democracia.

Sou do Crato... Sou do Cariri!

Foto: Lucas Carvalho
Cacá Araújo
Professor, Folclorista e Dramaturgo
Diretor da Cia. Cearense de Teatro Brincante
06 de fevereiro do ano 2011. 

sábado, 5 de fevereiro de 2011

SEGUNDA-FEIRA: PÁSSARO DE VOO CURTO NO SESC CRATO


O drama explora o sócio-cultural de uma família da zona rural, com linguagem informal e de muita poeticidade. A narrativa nos indica personagens comuns que vivenciam a cansativa rotina do dia-a-dia: trabalho-casa, casa-trabalho. Apenas uma possibilidade pode quebrar a rotina desse casal:o sonho.

Elenco:

Flávio Rocha: Antônio
Joaquina Carlos: Elvira


Ficha Técnica:

Texto: Alcione Araújo
Direção: Mauro César
Cenografia/Concepção: Mauro César e Joaquina Carlos
Execução: Edílson das gaiolas
Figurino/Concepção: Mauro César e Joaquina Carlos
Execução: Mauro César, Joaquina Carlos e Flávio Rocha
Iluminação/Concepção: Mauro César, Reginaldo Monteiro 
Maquiagem: O Grupo
Música de cena/Concepção e execução: João Nicodemos
Compositor das músicas do espetáculo: Carlos Gomide
Operador de luz: Mauro César
Fotografia: Nívia Uchoa


Realização:
Cia. Entremeios de Teatro

Apoio:

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

NÃO HÁ INOCENTES

Foto: Cacá Araújo
 
Ao longo da história, desde os remotos tempos da ocupação do nosso vale pelos colonizadores se vem desrespeitando e agredindo a natureza. Ocorre que, em tempos de modernidade, não mais de tolera a ignorância frente aos riscos e necessidade de respostas diretas a ações depredadoras. E o que lamentavelmente vemos é um festival de irresponsabilidades: ocupação irregular de morros, encostas e margens do rio, reduzindo seu espaço e poluindo suas águas; desmatamento; poluição desenfreada da cidade; carência de política permanente de educação ambiental; impunidade... Soma-se a isso, que não é pouco, o empobrecimento dos municípios, que ficam à mercê de humores políticos do governo estadual e da capacidade de influência dos prefeitos junto ao poder central.

Li e ouvi muitos falarem que não há culpados  no caso das enchentes etc. Eu já ouso afirmar que não há é inocentes. Todos somos culpados na medida de nossas ações e omissões. Desde a bolinha de papel jogada na praça, passando pelo voto cego em candidaturas estéreis, até o silêncio amedrontado ante os despautérios e mirabolâncias dos poderosos de plantão no Cambeba e no Planalto.

Já disse em outra oportunidade e repito: sou testemunha do esforço do prefeito Samuel Araripe em buscar soluções para os problemas de saneamento e de proteção ambiental do Crato, especialmente no tocante ao canal do Rio Grangeiro (é tradicionalmente grafado assim mesmo, com "g" ao invés de "j"). Desde o seu primeiro mandato que ele corre governo e ministérios com projetos que visam à requalificação urbana, melhoria da infraestrutura da cidade e qualidade de vida dos munícipes. Mas os recursos estaduais e federais não são fáceis de conseguir, mesmo sendo um direito do cidadão contribuinte. São os vícios da política brasileira, que favorece o sacrifício da população em vez de atender a demanda de gestões que possuam coloração partidária divergente. Isso não é democracia!

O Crato agoniza. Inicialmente com a perda de instituições importantes, agora com a catástrofe das chuvas. Merece o respeito e a união de suas forças políticas, envolvendo também a totalidade das lideranças cearenses da Assembléia Legislativa, Senado e Câmara Federal, a fim de fazer ouvir o clamor de sua gente e ter atendido seu pleito de cidadania e dignidade.

São milhares de vidas em jogo! Esqueçamos as querelas eleitorais que passaram e as que virão. Que Cid Gomes transfira, pelo menos por uma semana, seu governo para a zona do caos e do esquecimento. A itinerância que tanto foi festejada para distribuir simpatias e intenções deve agora ser retomada para distribuir ações concretas.

Nestas linhas de angústia, responderei a perguntas que todo governante realmente habituado à democracia deveria fazer: preferiria que os mais de vinte milhões que se pensa em investir na construção de um novo parque de exposições em outra área, mais os quase dez milhões do centro de convenções, fossem destinados a obras de revitalização do Rio Grangeiro e ampliação de seu canal, inclusive com a desapropriação do que for preciso para estender suas margens. Acrescente-se a isso a ação da bancada cearense no Congresso Nacional e teríamos os recursos necessários à reconstrução do Crato.

O resto é água...

Saudações!

Cacá Araújo
Professor, Folclorista, Dramaturgo
Diretor da Cia. Cearense de Teatro Brincante
Crato-Cariri-Ceará-Brasil